Em meio a pandemia, Bolsonaro e deputados da sua base de apoio retiram mais direitos dos trabalhadores

Em votação virtual na calada da noite, a maioria dos deputados federais – inclusive alguns do RS – votaram a favor da Medida Provisória (MP) 905/2019, que foi aprovada por 322 votos a 153. Dos parlamentares gaúchos, houve 18 votos favoráveis, 10 contrários e três ausentes. A MP será agora votada no Senado. Se não for votada até a segunda-feira, dia 20, a matéria caduca e perde a validade. Ou seja, ao invés de aprovar medidas que protejam os trabalhadores durante a crise provocada pela Covid-19, estão aproveitando o momento para retirar direitos.

Deputados da oposição (veja como cada deputado gaúcho votou na lista abaixo) tentaram adiar a votação da MP 905 e chegaram a entrar com pedido de obstrução, o que levou a sessão a durar mais de 10 horas, mas foram vencidos pelos deputados apoiadores do governo Bolsonaro.

A votação desta MP, que retira o que sobrou dos direitos dos trabalhadores depois da reforma trabalhista, é mais um duro golpe num momento de fragilidade da população com a pandemia do coronavírus e representa uma vergonha e uma crueldade do governo e dos deputados que ajudaram a aprovar a medida.

Carteira da escravidão

A MP 905 cria a carteira verde e amarela, flexibilizado direitos trabalhistas e contribuições sociais para baratear a contratação de jovens de 18 a 29 anos e trabalhadores com mais de 55 anos. 

O salário será de até 1,5 salário mínimo. As empresas serão isentas da contribuição previdenciária (20%), reduzindo a arrecadação do INSS, e das alíquotas do Sistema S (de 0,2% a 2%). A multa de 40% do FGTS em caso de desligamento será diminuída para 20%. Poderão ser contratados com a carteira verde e amarela até 25% dos trabalhadores da empresa.

O texto considera acidente de trabalho no percurso casa-emprego somente se ocorrer no transporte do empregador. Acordos e convenções de trabalho devem prevalecer sobre a legislação ordinária, súmulas e jurisprudências do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e de tribunais regionais do trabalho, exceto se contrariarem a Constituição Federal. Foi retirado o dispositivo que estendia o trabalho aos domingos e feriados a todas as categorias.

Estas e outras medidas levaram a CUT a considerar a carteira Verde e Amarela como a “carteira da escravidão”, pelo enorme retrocesso que representa para a classe trabalhadora.

Mais demissões

Já para o DIEESE, mesmo com a redução de direitos, a medida não irá criar empregos e amplia a insegurança dos trabalhadores em meio a pandemia. Haverá aumento da rotatividade, com demissão daqueles que ganham mais para serem substituídos por trabalhadores contratados pelo novo modelo, a massa salarial cairá, dificultando a retomada da economia no pós-pandemia. A MP atende apenas aos interesses dos empresários. O empregador terá redução de encargos trabalhistas para contratação de jovens de 18 a 29 anos e maiores de 55 anos. Também terão isenção total da contribuição previdenciária e das alíquotas do Sistema S.

A luta agora é junto aos Senadores para que a “carteira da escravidão” não passe e seja implementada num momento onde a classe trabalhadora e os setores mais empobrecidos da população já sofrem em função do desemprego, da crise e da pandemia.

É fundamental que os trabalhadores anotem os nomes dos deputados e os partidos que votaram contra os trabalhadores para que nas próximas eleições, eles não sejam reeleitos.

Veja como votaram os deputados gaúchos

Sim à MP 905 e CONTRA OS TRABALHADORES

Afonso Hamm (PP-RS)

Alceu Moreira (MDB-RS)

Bibo Nunes (PSL-RS)

Carlos Gomes (Republicanos-RS)

Daniel Trzeciak (PSDB-RS)

Danrlei (PSD-RS)

Giovani Cherini (PL-RS)

Giovani Feltes (MDB-RS)

Lucas Redecker (PSDB-RS)

Marcelo Brum (PSL-RS)

Marcelo Moraes (PTB-RS)

Márcio Biolchi (MDB-RS)

Maurício Dziedrick (PTB-RS)

Nereu Crispim (PSL-RS)

Osmar Terra (MDB-RS)

Pedro Westphalen (PP-RS)

Sanderson (PSL-RS)

Santini (PTB-RS)

Não à MP 905 e EM DEFESA DOS TRABALHADORES

Afonso Motta (PDT-RS)

Bohn Gass (PT-RS)

Fernanda Melchionna (PSOL-RS)

Heitor Schuch (PSB-RS)

Henrique Fontana (PT-RS)

Liziane Bayer (PSB-RS)

Marcel van Hattem (NOVO-RS)

Maria do Rosário (PT-RS)

Paulo Pimenta (PT-RS)

Pompeo de Mattos (PDT-RS)

Não votaram

Jerônimo Goergen (PP-RS)

Marcon (PT-RS)

Marlon Santos (PDT-RS)

Assessoria de Comunicação

16/04/2020 12:12:03