Oi quita débito de R$ 4,6 bi com o BNDES. Mas quem paga esta conta?

No último dia 20, a Oi quitou seu débito de R$ 4,640 bilhões com o BNDES. O pagamento foi realizado pelas operadoras Tim (R$ 2,06 bilhões), Vivo (R$ 1,561 bilhão) e o restante pela Claro, que adquiriram a Oi Móvel por R$ 14,474 bilhões. Importante frisar que as dívidas da Oi são consequência da má gestão da empresa a partir da aquisição da Brasil Telecom. Um dos maiores crimes contra a Nação que ocorreu durante as privatizações do governo FHC.

Mas a dívida da Oi vai muito além e tem entre seus credores inclusive a Fundação Atlântico, que administra o Fundo de Pensão dos trabalhadores telefônicos. No total, ainda falta o pagamento de outros R$ 18,4 bilhões (antes de pagar o BNDES, o valor em débito era de R$ 23 bilhões).

A venda da operação móvel da Oi para as rivais foi fechada em dezembro de 2020. Em março deste ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou o negócio.

Importante lembrar que há 24 anos a soberania brasileira – hoje novamente ameaçada pelas privatizações do governo federal, como da Petrobrás, Eletrobrás e Correios – sofreu um de seus maiores golpes, com a maior privatização do setor de telecomunicações ocorridas no mundo até aquele momento.

O sistema de telefonia gerido pela holding estatal Telebrás foi vendido por R$ 22 bilhões, com o fatiamento da estatal em 12 lotes. A privatização do sistema tornou-se possível com a promulgação da Lei Geral das Telecomunicações em julho do ano anterior, que também criou a Anatel com a missão de estabelecer normas para as empresas do setor e fiscalizar a sua atuação em nome do interesse público. O leilão ocorreu depois de derrubada de várias liminares e frente as grandes mobilizações e protestos dos trabalhadores e da sociedade. Mais de 3 mil policiais tiveram que proteger a sede da Bolsa do Rio onde ocorreu o leilão, tamanho era o repúdio dos movimentos sociais à sanha privatista do governo FHC.

E mesmo com mais de um milhão de assinaturas pedindo uma CPI para investigar a privatização, repleta de irregularidades, o então presidente da Câmara, o golpista Michel Temer, rejeitou o pedido de instalação da CPI, alegando que o abaixo-assinado não tinha força legal. As irregularidades nunca foram apuradas.

Em 1998 começou a destruição que hoje cobra o preço dos trabalhadores, com precarização das condições de trabalho e demissões, e da sociedade, que paga tarifas cada vez mais caras por serviços cada vez piores. Ao fim e ao cabo, que está pagando esta conta são os trabalhadores e a sociedade, 

Durante todo este tempo, o SINTTEL-RS vem acompanhando e lutando para garantir o que é possível frente a este brutal crime contra a Nação e contra os trabalhadores e tenta, no mínimo, garantir os empregos, os direitos e a aposentadoria digna das trabalhadoras e dos trabalhadores telefônicos que contribuíram para isso ao longo de uma vida. O Sindicato também quer saber: e o crédito da fundação Atlântico de 700 milhões, está garantido?

Assessoria de Comunicação

26/04/2022 10:59:54