Inflação maior para as famílias de menor renda não é acaso, é escolha política

Desde o início do governo Bolsonaro, o SINTTEL-RS vem acompanhando as políticas e medidas do governo e tem alertado que a grande maioria das iniciativas tem como objetivo atender aos empresários, banqueiros e os setores mais privilegiados da sociedade. Foi assim na implementação de medidas que agravaram a reforma trabalhista de 2017, a reforma da previdência, e os sucessivos desmontes das estruturas de fiscalização, que começou com a extinção do Ministério do Trabalho (no primeiro dia de governo) e chegou até a destruição das Normas de Segurança (as NR’s), passando pelo enfraquecimento de todos os órgãos responsáveis por multar e punir empresários e setores que descumprissem a legislação trabalhista e de segurança do trabalho.

Mas, dois anos depois, este cenário se agrava ainda mais, com o resultado de uma política econômica neoliberal desastrosa, que já vinha em queda livre e que foi agravada por uma pandemia, cuja condução tem sido não só equivocada, mas totalmente perversa.

Quanto a pandemia nem precisa dizer muito. Basta ver os números: mais de 180 mil mortos (fora os que não foram notificados como coronavírus); mais de 6,5 milhões de infectados e um total descaso, quando não um deboche, com a questão da vacinação.

Já na economia, o que estamos vendo é o crescimento do desemprego e a total falta de políticas para amparar as famílias que ficaram desempregadas. É bom lembrar que o abono de 600 reais, se dependesse do governo, seria de 200. Para piorar esse cenário, o DIEESE divulga um dado que dá a dimensão do pesadelo que tem sido este governo para os menos desfavorecidos:  o peso da alimentação no orçamento das famílias mais pobres é proporcionalmente maior, em torno de 25% frente aos 12% para as famílias de alta renda. São números que falam por si mesmo e que ajudam a explicar por que o Brasil voltou ao mapa da fome.

No acumulado em 12 meses, enquanto as famílias de renda mais baixa, registram uma taxa de inflação entre 5,80% e 5,15%, a faixa de renda mais alta aponta índices em patamares bem menores, entre 2,69% e 3,36% (confira no gráfico abaixo).

Tabela faixa de renda

Faixa de renda segundo o DIEESE

Renda muito baixa R$ 1.534,559 (e que engloba 29,27% dos domicílios);

Renda baixa entre R$ 1534,55 e R$ 2.301,83 (17,49% dos domicílios);

Renda média-baixa entre R$ 2.301,83 e R$ 3.836,38 (21,28%);

Renda média entre R$ 3.3836,38 e R$ 7.672,77 (20,05%);

Renda média-alta entre R$ 7.672,77 e R$ 15.345,53 (8,31%);

Renda alta maior que R$ 15.345,53 (3,61%).

Para além das questões que dizem respeito à categoria, é importante que os trabalhadores acompanhem os movimentos políticos em áreas como economia, saúde, meio ambiente e outras. Elas são importantes e têm impacto direto na vida de cada um. Ao Sindicato cabe informar e apontar uma análise. A cada um, cabe avaliar e, na medida do possível, sem envolver em ações que exijam que o governo e o estado sejam para todos, e não apenas para uma pequena parcela da população.

Assessoria de Comunicação

16/12/2020 13:09:26