Preço do arroz ou do feijão nas nuvens não é um acaso

Nunca um poema foi tão atual. Bertolt Brecht, poeta alemão que viveu entre 1898-1956, escreveu em um de seus poemas mais conhecidos (“O Analfabeto Político”), que o preço do arroz, do feijão ou dos remédios depende de decisões políticas. Pois é exatamente o que vem ocorrendo na país hoje, onde o preço do pacote de 5 quilos de arroz chega a astronômicos 45 reais. Supermercados chegam a oferecer a compra de arroz em 8 vezes no cartão de crédito.

E este custo – assim como do gás de cozinha, da gasolina, do feijão e outros – tem nome: chama política entreguista e irresponsável de um governo que atua para atender interesses econômicos, sem pensar na população. O resultado desta política, os trabalhadores sentem no bolso e na mesa. 

Poucas pessoas sabem ou lembram que cerca de um ano atrás (menos de cinco meses depois que assumiu)  o governo fechou 27 unidades da rede de armazéns da Conab nas cinco regiões do país. Segundo os estudos que justificavam o fechamento está sempre a mesma ladainha: a redução de custos (o governo disse que economizaria R$ 6,2 milhões/ano) e a de que é preciso reduzir a atuação do governo onde o setor privado pode atuar mais. O resultado estamos vendo agora.

O que Bolsonaro fez foi acabar com os estoques de arroz do país, aumentar as exportações e descumprir a lei regulatória que garante segurança alimentar para a população.

Os números não deixam dúvidas. Em 2130, o país tinha 944 toneladas de arroz estocado. Em 2015 mais de um milhão. E hoje são cerca de 22 mil, o que não garante uma semana de consumo no país.

O AGRO É ESCASSES

Diferente da propaganda, o agro é pop, o agro é tudo, menos preocupado em matar a fome da população. O agro trabalha praticamente com exportação e com o que dá lucro e neste momento, 90% da área plantada é de soja e milho. Para piorar, a agricultura familiar, que é quem de fato coloca comida na mesa dos brasileiros, tem sido ignorada pelo governo Bolsonaro. O agronegócio não surpreende. Seu negócio é o lucro e comida para eles é dinheiro. Mas o governo deveria ter políticas para alimentar a população e isso ele não faz. Ao contrário, beneficia o agronegócio, ajuda outros países e ignora o Brasil e a fome dos brasileiros.

Em artigo para lá de didático, o jornalista Luis Nassif explica a situação, ignorada pelos analistas da grande imprensa. Segundo ele, com a pandemia, países que pensam em seus cidadãos seguraram as exportações, para garantir o abastecimento interno. Com isso, houve redução na oferta mundial, elevando os preços do arroz. Ao mesmo tempo, houve uma grande desvalorização do real, tornando os preços do arroz, em reais, muito mais atraentes, quando exportados.

O resultado é a elevação do preço interno do produto, para se alinhar com os preços internacionais.

Nesses momentos, o instrumento óbvio do governo são os estoques reguladores, mantidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Àquelas referidas no início da matéria, que o governo reduziu drasticamente bem como os estoques. Ao mesmo tempo, permitiu-se a exportação indiscriminada de arroz. O resultado foi a redução da oferta e a explosão dos preços.

Terceirizando a culpa

Como vivemos tempos absurdos, o governo em vez de fazer alguma coisa para resolver a falta de comida na mesa dos brasileiros, procura culpados e o Ministro da Justiça, André Mendonça, mandou intimar supermercados a explicarem a especulação.

Ou seja, o governo não estoca nem regula os preços; permite a exportação de arroz a rodo; compra arroz de qualidade muito inferior e a preços internacionais; e cobra dos supermercados a responsabilidade.

Não é complicado de entender, basta buscar uma explicação verdadeira, sem o filtro neoliberal da política vigente hoje no país.

Assessoria de Comunicação

11/09/2020 15:45:14