Amapá é mais um alerta para a necessidade de lutar contra as privatizações

Os cerca de 700 mil brasileiros que vivem no Amapá, melhor do que ninguém, poderão dizer o que representa ter serviços públicos prestados por empresas privadas. Bem em meio a uma pandemia, a população do estado está há nove dias sem energia elétrica, o que tem causado outros inúmeros problemas, como falta de água, desabastecimento e perda de mercadorias, paralisação de muitos serviços públicos e risco nos hospitais, que estão operando com geradores.

A responsável pela energia no Amapá é a empresa privada espanhola Isolux, que nem mesmo frente a uma tardia, mas ainda assim necessária decisão judicial, deu três dias para a empresa resolver o problema a contar do sábado (7).

Como acontece sistematicamente nas privatizações, e estamos vendo isso no Amapá, os serviços públicos essenciais são entregues à iniciativa privada, que explora, lucra, demite a mão de obra qualificada para baratear, não investe em manutenção, e quando acontecem os problemas, é o poder público, com recursos públicos, e servidores públicos que têm que resolver os problemas. Os telefônicos conhecem bem esta sina, inclusive em relação a relação de emprego, sempre precarizada, para não dizer desrespeitosa e cruel.

No Amapá, são técnicos da estatal Eletronorte  que foram chamados para resolver os graves problemas criados pela empresa espanhola, que não possuía material sobressalente, instrumentos, ferramentas e equipes especializadas disponíveis para esse tipo de ocorrência.

Nada é tão ruim que não possa piorar

Mas no Amapá, para piorar o que já está ruim, há ainda um descompasso entre o que alega o governo e os órgãos responsáveis e o que diz a população. Enquanto em Brasília falam em rodízio e outras práticas para retorno da energia, minimizando os problemas, a população acusa uma situação insuportável, um rodízio que nunca funciona e uma realidade que é a cara deste governo: privilegiar as elites em detrimento do povo mais pobre. Nos bairros mais ricos, a energia vem sendo restabelecida, enquanto nas periferias, o povo amarga sem luz, sem água e sem esperança de resolver o problema tão cedo.

Para especialistas do setor elétrico, todos os fatores indicam que a causa desta situação pode ter sido negligência da empresa, já que os equipamentos não deveriam ter falhado e, caso falhassem, o que é pouco provável, deveriam ter equipamentos sobressalentes para que voltassem rapidamente ao funcionamento, o que não aconteceu.

Mesmo tendo sido causado por uma descarga atmosférica, um fenômeno natural, não é aceitável que este tipo de evento deixe um estado inteiro sem luz por vários dias.

Empresas privadas que operam no Setor Elétrico em vários estados, principalmente a partir do governo FHC (quem não lembra dos “apagões” do setor à época) principalmente no setor de distribuição de energia, são constantemente alvo de reclamações dos consumidores. Em São Paulo a distribuidora italiana ENEL chegou a ser multada por fraudar indicadores de qualidade; em Rondônia a distribuidora privada Energisa foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembeia Legislativa, acusada de fraudar medidores de energia; em Goiás, a ENEL deixa cidades inteiras passando dias sem luz, produtores rurais tendo prejuízos milionários e até mesmo o abastecimento d’água de algumas cidades ficando comprometido.

Estes casos são lições importantes quando se fala em privatização. Os problemas e os prejuízos para a população advindos das privatizações independem do setor. Por isso, a luta contra as privatizações, seja do SUS, da Petrobrás, dos Correios, dos Bancos públicos, da Eletrobrás, e tantas outras empresas/setores, são sim motivo de luta para os trabalhadores e responsabilidade de toda a sociedade.

Assessoria de Comunicação

12/11/2020 23:24:58